A pavulagem de uma Macapaense na Alemanha

Roseanne na AlemanhaRoseane chegou em Heidelberg – na Alemanha, sofrendo de banzu, mas cheia de disposição para encarar a nova vida. Na bagagem veio todo seu “pertencimento” indígena, negro, caboclo e nortista. Além da pavulagem que não “arreda” dessa mulher com uma fibra sem tamanho.
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– Nome:
Roseane

– Onde nasceu e cresceu?
Nasci e cresci em Macapá, Amapá, Brasil.

– Em que país e cidade você mora?
Alemanha, Heidelberg

– Você mora sozinho ou com sua família?
Moro com o marido e enteado.
Roseanne na Alemanha

– Há quanto tempo você reside nesse local?
1 ano e quase 5 meses

– Já residiu em outro(s) país(es) antes dessa experiência?
Não

– Qual sua idade?
37 anos

– Quando surgiu a idéia de residir no exterior?
Eu sempre comparo a nossa vinda para cá, como um caso de amor. Com namoro, noivado e casamento. O casamento por enquanto está dando certo.
O namoro começou em 2005. Meu marido foi convidado para integrar a equipe da FIAN, uma Organização Não Governamental que atua com o Direito Humano à Alimentação.
No inicio de 2006, o namoro acabou sem brigas. Mas ainda neste ano, em junho, houve uma reaproximação e o noivado foi engatilhado. O casamento foi marcado e concretizado em fevereiro de 2007, quando mudamos de mala e cuia para Heidelberg.

– Foi difícil conseguir o visto de residência ou o visto de trabalho?
Somente meu marido tem o visto de trabalho. Ele participou de uma seleção para o cargo na FIAN e foi aprovado. A Organização fez uma justificativa para o Governo Alemão sobre a contratação de um brasileiro. Não foi tão complicado, mas também não foi tão fácil. O visto de residência foi obtido quando mudamos para cá, e com um endereço fixo, preenchemos toda a papelada e ele veio automaticamente.

– Você tem seguro saúde? Foi difícil obtê-lo antes ou depois da sua chegada?
Nós temos seguro saúde. É privado. Meu marido paga. Isso foi muito fácil.

– Você trabalha? Como a renda familiar é obtida?
Eu não tenho permissão para trabalhar, então não trabalho. A renda vem do meu marido.

Você fala a língua local? Você acredita que é importante aprender a língua local?
Eu falo muito pouco alemão. É uma língua muito difícil. Nunca tive exposição a ela anteriormente. Em casa falamos português. Estamos todos aprendendo alemão. Acho fundamental aprender a língua local, já que vivemos aqui.

– O que você pensa sobre seu novo país e o local onde mora (e/ou onde morou)? Eles respeitam os Brasileiros e outros expatriados vivendo nesse país?
Eu gosto daqui. Gosto das coisas certinhas, do horário quase 100% preciso do transporte público. Aqui eu também vi, pela primeira vez, a transformação da natureza durante as estações do ano. Cada estação é mais linda que a outra. Apesar de não gostar do frio, me apaixonei por cada uma delas.
Em Heidelberg tem muitos estrageiros. Acho que existem uma grande diferença cultural, mas não lembro de ter sido desrespeitada ou discriminada. Se fui não percebi.

– Você tem filhos? Se sim, eles se adaptaram ao novo país? Estudam e têm amigos locais?
Não tenho filhos. Meu enteado de 20 anos decidiu vir com a gente. Ele está aprendendo alemão e terá a chance, se quiser, de entrar na Universidade. O visto dele está ligado a isso. É um visto provisório.
Ele se adaptou fácil. Reclama da comida, quer escutar música alta, mas obedece as regras e não pensa em voltar para o Brasil por enquanto.

– Sente saudades da família no Brasil? Sente falta de produtos, alimentos e outras peculiaridades?
Sinto saudades todos os dias. Sonho com a comida, com a música, com o trabalho, com as pessoas. E tento viver um dia de cada vez, enfrentando a saudade e encontrando o prazer em outras coisas que tem aqui também.

– O que costuma fazer nas horas vagas, finais de semana e feriados? Quais as atividades recreacionais existentes?
Adoramos viajar, mas nem sempra dá.
Quando ficamos em Heidelberg, fazemos faxina coletiva na casa, cozinhamos, vamos ao supermercado, passeamos, subimos a montanha quando não está muito frio, fazemos coisas simples, mas que gostamos e que nos fazem bem.
Encontramos com amig@s, partilhamos comidinhas, batemos papo. Isso é muito legal.
Roseanne na Alemanha

– Você tem planos para o futuro? Pretende viver nesse país para sempre?
Meu lema aqui é viver um dia de cada vez. Não tenho planos. Tento extrair o lado positivo da vida de expatriada voluntária. Mas não quero viver para sempre aqui.

– Você comprou ou alugou o local que reside? Quanto pagou ou paga por isso? Comprar imóveis é algo comum nesse país?
Nós alugamos um apartamento. É pequeno, mas suficiente para 3 pessoas. Pagamos caro, mas fazer o quê?
Acho que comprar imóveis é possível sim. Se a família tem um bom salário…

– Qual o custo de vida?
É uma pergunta relativa. Depende do padrão e estilo de cada família.
Nós somos 3 pessoas. Apenas um trabalha. Temos uma vida confortável. Não temos carro. Pagamos aluguel. Viajamos somente quando é possível. Gosto de bater pernas e pesquisar para comprar as coisas do dia a dia. Então, temos uma vida confortável, mas sem sobras na carteira. Afinal, são 3 pessoas aprendendo alemão, e isso é caro aqui.

– Quais os pontos positivos e negativos de morar nesse país?
Humm…um ponto positivo, a tranquilidade (não estamos expostos a tanta violência como no Brasil). Um ponto negativo, o frio, pra mim é de lascar.

– Qual a curiosidade que mais te chama a atenção nesse país?
O que me chama atenção aqui é o fato dos filmes no cinema serem dublados. Independente da língua original. Alguns cinemas fazem exibições especiais uma ou duas vezes por mês na língua original.
Ah eu sou muito curiosa..queria saber como é o hábito alimentar da família alemã. Desde a primeira até a última refeição. De segunda a segunda. Nos dias festivos. Nos dias comuns. O que comem, por que comem, e por que estão engordando também. A última é uma constatação a olho nu.

– Você tem sugestões ou dicas para pessoas que pretendem viver nesse país?
Procurar informações com pessoas que já moram aqui. Ler muito sobre a vida alemã. E despir-se de preconceitos e saber conviver com a diferença cultural.

– Você gostaria de recomendar algum web site ou blog relacionado à esse país?
É díficil recomendar um. Existem muitos. Já me disseram que a Alemanha é o principal país da europa que recebe imigração brasileira. Então tem muitos sites e blogs legais falando sobre a vida na Alemanha. Cada um tem estilo próprio e cada um é um aprendizado diferente.
Recomendo visitar meu blog (Pavulagem da Ro), lá tem muitos links legais, não só da Alemanha, como do Brasil e de outros lugares.

25 Respostas

  1. Olá sumana, tú é chique bem, valeu as suas respostas. Desejo a vc e sua turminha maravilha, toda a paz, alegria, saúde e amor do mundo.
    Estarei de rumo ao norte dia 23/07, vou matar a saudade, ficarei em Belém até dia 29/07 depois vou para Macapá, retonarei dia 11/08 para o RJ.
    Beijão

  2. Roseane, boa sorte em sua nova vida. E que você tenha dias iluminados, insolarados, mesmo que ao seu redor esteja um frio de lascar.Isso é o começo. E todo começlo em nossa vida é difícil mas nada que seu DESEJO DE DAR CERTO NÃO TE AJUDE A SUPERAR.
    Bjs e dias felizes.

  3. VAI DAR TUDO CERTO.E ,futuramente, vc vasi ver quer não foi tão difícil assim.

  4. Égua!!!! a pavulagem tá demais, heim?
    Mas bem!!!
    Bjs

  5. Que legal a sua entrevista! Adorei! Me senti como se estivesse falando com você.Mais uma vez quero desejar muito sucesso, aí na Alemanha. Tenho saudades de você. Quando voltareres ao Brasil, teus amigos estarão te esperando de braços abertos.
    Beijos

  6. Parabéns, mais uma vez, pela força e coragem…. Adorei a entrevista… E, como sempre te digo, continue aproveitando dia-a-dia as novas experiências… BjUsss

  7. Olá vizinha !
    Muito legal a sua disposição e flexibilidade para esta experiencia. Tenho certeza que vais aproveitar muito.
    beijo

  8. Obrigada pela “fibra sem tamanho”. Gostei de ter participado da entrevista, fiquei cheia de pavulagem, é claro!

  9. Continue vivendo um dia de cada vez e perceba que eles a surpreenderao cada vez mais. Curta bastante e “pavule” cada vez mais por aí!!
    bjs!

  10. É isso aí vc, está correta vivendo um dia de cada vez. “Como dizia Vinicius” VIVER INTENSAMENTE EM CADA………….” legal sua entevista tipicamente nortista Brasileira!!! bjs…..

  11. Rô, ficou muito bacana sua entrevista. Com certeza ajuda a dar um empurrãozinho para quem pensa em começar vida nova fora do Brasil.
    Beijos da sua recente leitora,
    Aline

  12. Oi Ro, parabéns pela entrevista. Vc. realmente está sabendo viver nesse país com muita calma e sabedoria. Foi bom conhecer um poucom ais de vocês. Bjs e muito sucesso

  13. Mana nossos pontos positivos e negativos calharam certinho

  14. vixe, amiga chique é assim, cheia de pavulagem
    bjs

  15. Entrevista boa demais essa da Ro 🙂
    Bjão

  16. Ane,adorei a entrevista,mais uma vez vc se supera.Continuamos torcendo por vc.Bjão…

  17. Pensava que seu marido fosse alemão. Irmã de um amigo mora na Alemanha e diz que tudo é bem disciplinado.
    felicidades
    bjs

  18. Parabéns pela entrevista, ficou bem legal. Gostei também deste blog, é muito interessante, principalmente para muitos brasileiros que acham que a saída do país é por Guarulhos (onde fica o aeroporto internacional de São Paulo), é bom que eles entendam como é a vida em outros lugares. Como dizia Tom Jobim: Viver em Nova Iorque é bom mas é uma droga. Viver no Brasil é uma droga mas é muito bom. ( a palavra usada não é droga, mas vale).

  19. Roseane,

    A tua entrevista está muito boa: respostas cheias de verdade e beleza! Klasse!

    Felicidades e sempre boas descobertas, viu?

    Beijos,
    Claudia

  20. Rô, a vida é feita de experiências, e precisamos vivê-las uma de cada vez, por isso, achei bem interessante o lema escolhido para viver num país totalmente diversos do nosso. E tenho certeza de que você saberá se enriquecer com os dias vividos na Alemanha.
    Sucesso sempre!
    Beijos.

  21. Roseane,

    Oi tudo bem!!!!
    Adorei a sua entrevista.
    Boa sorte.
    O meu esposo foi transferido pela empresa, então depois do ano novo estarei morando na Alemanha.

    abraços/Meire

  22. Rosane,

    Oi tudo bem, aqui é a Meire novamente.
    Já estou morando na Alemanha em Heidenheim.
    Estou pensando em conhecer a sua cidade.

    Meire

  23. Oi Rosane!
    meu nome e Renata e a 9 meses estou morando em Luxemburgo. Eu queria saber se voce pode me ajudar…estou querendo mandar uma televisao usada para o Brasil. Quando eu morava nos E.U.A tinha um servico de mandar caixas por navio, voce conhece algum servico perecido ai na Alemanha?
    Ficarei muito grata se voce puder me ajudar e minha familia ficara muito feliz.
    Desde ja muito obrigada.
    Meu e-mail e renatalux@ymail.com

  24. Oi Roseane! Fui mochileira e passei por Heidelberg, adorei a cidade, todos me abordavam em alemão, coisa q no Brasil 1º me perguntavam de onde eu era. Pretendo voltar em 2010. Boa Sorte! Mary

  25. Olá, Roseane, estamos em 2012 e agora nem sei se vc ainda continua na Alemanha. Sou uma senhora brasileira e tenho um filho que mora em Hamburgo. Vou lhe contar uma coisa: sou apaixonada pela Alemanha e cada vez que vou até aí, sinto-me fazendo parte de um presépio em tamanho gigante. Você tem muita sorte por viver num país como esse. Saudade a gente sente, é normal, mas devemos caminhar sempre para a frente. Beijoca da Waldizia.

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