Exportada para a terra dos fluorescentes

Gisley nos EUAGisley, estudante de publicidade, tinha planos de morar fora desde que era adolescente. Por “acidente” conheceu aquele que seria o seu futuro esposo no Myspace em 2008. No mesmo ano teve a oportunidade de fazer intercâmbio onde ele residia. Um mês depois a sua chegada aos EUA, foi surpreendida com um pedido de noivado na praia de Saint Augustine, FL. Confira a saga dessa exportada que optou ser feliz ao lado do amor da sua vida e escolheu a terra do Tio Sam pra chamar de casa.

– Nome:
Gisley

– Onde nasceu e cresceu?
Nasci em Campo Grande, MS, mas fui criada em Fortaleza, CE.

– Em que país e cidade você mora?
Na terra do Tio Sam, EUA, precisamente em Jacksonville, Flórida.
Gisley nos EUA

– Você mora sozinho ou com sua familia?
Moro com meu esposo, Matthew.
Gisley nos EUA

– Há quanto tempo você reside nesse local?
7 meses.

– Qual sua idade?
27.

– Quando surgiu a idéia de residir no exterior?
Desde os 14, eu tinha bem definido na minha mente que eu queria morar fora, mesmo que fosse temporário.Em 2008, surgiu a oportunidade através do programa Work & Travel USA pela STB.

– Foi difícil conseguir o visto de residência ou o visto de trabalho?
O visto de intercâmbio não foi difícil, mas o de residência leva um bom tempo, ainda estamos trabalhando nisso com os nossos advogados, o famoso AOS ( Adjustment of Status), que consiste na mudança do nome da esposa ( ela passa a ter o sobrenome do marido, porém quem faz esse procedimento é a imigração). Após esse período, a esposa estrangeira pode trabalhar, estudar e ter sua carteira de motorista americana e documentos americanos.

– Você tem seguro saúde? Foi difícil obtê-lo antes ou depois da sua chegada?
Sim. Sou assegurada pelo plano saúde que meu marido recebe do trabalho. Quando vim à intercâmbio, saí do Brasil com um plano de saúde internacional. Aqui qualquer consulta ou ida à Emergência é caro. Recomendo sair do Brasil com plano. Vale a pena.

– Você trabalha? Como a renda familiar é obtida?
No momento sou gestora e executiva do lar (housewife,rs!), pois meu processo de residência ainda está em andamento. Nossa renda familiar é obtida através do trabalho do meu esposo.

– Você fala a língua local? Você acredita que é importante aprender a língua local?
Sim. Fundamental. Quem fala inglês é mais respeitado e é bem tratado por aqui. Eles não tem muita paciência com quem não fala o inglês, e com razão, se veio pra morar, tem que vir com a língua aprimorada ou fazer o possível para aprimorar enquanto reside por aqui. Acho uma falta de respeito tanto pela parte dos hispânicos, quanto brasileiros e outros que moram por aqui há anos e não falam inglês ou falam muito pouco. Isso acontece porque não procuram se infiltrar na cultura, sempre sai com gente de mesma nacionalidade e isso faz com que as pessoas criem essas manias que no final não ajudam. Ao invés de adaptar-se, se fecham à cultura e à sociedade americana. Minha depiladora estava me contando que quando foi chamada para entrevista do seu green card, levou a tradutora. Vê se pode?!

– O que você pensa sobre seu novo país e o local onde mora (e/ou onde morou)? Eles respeitam os Brasileiros e outros expatriados vivendo nesse país?
Creio que devido ao fluxo de imigrantes em todo os EUA( em Jacksonville é bem comum ver estrangeiros todos os dias), eles são bem flexíveis, porém ninguém gosta de imigrante ilegal, não é bem visto por aqui. Eles amam a alegria dos brasileiros, porém nos consideram um pouco “descansados” com situações que “pedem urgência”, rs! Tipo “ah isso não tem pressa”.
Noto que nós brasileiras, se vamos à um restaurante, um shopping ou ir jantar na casa de conhecidos, fazemos questão de estar vestidas apropriadamente, arrumadas e cheirosas, o que eles consideram engraçado, já que não possuem cerimônia com isso. Vestem qualquer coisa e vão.
Estou acostumada com a pontualidade americana. Eu sempre fui muito pontual e vivi uma situação engraçada por aqui. Uma vez tinha marcado de encontrar com uma amiga e ela me manda um torpedo dizendo que ia atrasar. Daí “descansei” e 5 minutos depois do horário que tínhamos marcado, ela chega. Olho pra ela com cara de espanto e ela diz : “eu atrasei. Marcamos às 17:00 mas já são 17:05!”. Hahahaha!

– Você tem filhos? Se sim, eles se adaptaram ao novo país? Estudam e têm amigos locais?
Não tenho filhos.

– Sente saudades da familia no Brasil? Sente falta de produtos, alimentos e outras peculiaridades?
PRODUTOS E SERVIÇOS: Sinto muita falta do café. Não há café como nosso, quero deixar isso bem claro já no começo dessa reposta. Café americano não é café. Deveria ser chamado de “chá-fé ” de tão fraco que é. Ah, não sei o que os outros brasileiros acham da Starbucks, mas eu particulamente achei uma propaganda enganosa (rs!). Sinto falta do leite em pó. Não há como o leite em pó brasileiro. Estou correndo atrás do leite Ninho [meu esposo está viciado!], porém só consigo achar a versão espanhola Nildo. Se alguém tiver um site de onde posso encontrar a versão brasileira, eu agradeceria! Pode passar lá no blog pessoal!
Também sinto falta do meus momentos mulherzinha que eram super em conta no Brasil. Aqui, depilação, unha e todas essas coisitas são muito caritchas! Depilação aqui (pacote completo) da mais barata vai em torno de $100-110. Unha vai entre $30-40 pé e mão.
Sinto falta do coração festivo do brasileiro, principalmente Natal e Ano Novo. Aqui, o Natal é bem comercial, e eles se preocupam muito em dar e comprar presentes pra todo mundo do que gastar tempo em família. As reuniões de natal tem hora pra começar e terminar. Praticamente chegamos na casa de um familiar, é servido o almoço, depois abrimos os presentes e cada um se despede. Pronto, Feliz Natal! No Ano Novo, a maioria das pessoas (a não ser as que gostam de farra) vão pra cama cedo. Sinto falta da sensibilidade brasileira, da mão amiga, de se importar com a dor do outro, de querer ajudar.

– O que costuma fazer nas horas vagas, finais de semana e feriados? Quais as atividades recreacionais existentes?
Blogar (rs), falar com minha família pelo skype, pescar, ler, ir ao cinema (muito barato aqui), galerias de arte, e experimentar novos restaurantes. Meu marido também é muito bom de garfo, então sempre que dá a gente come fora. Pra quem decidir visitar Jacksonville e quer ir a um bom lugar para comer, eu recomendo Cheesecake Factory. A cidade oferece uma feira artesenal que acontece todos os sábados aberto ao público com música ao vivo e também outras festividades gratuitas como Desfile de Barcos, Dia da Aviação, Domingo Família na Galeria MOCA.

– Você tem planos para o futuro? Pretende viver nesse país para sempre?
Sim. Pretendo voltar a estudar e trabalhar. Não tenho plano de ter filhos tão cedo, pois gostaria de aproveitar para conhecer outros países com meu esposo. Desde que saí do Brasil, passei a ter essa personalidade desbravadora. Quero conhecer outros lugares.

– Você comprou ou alugou o local que reside? Quanto pagou ou paga por isso? Comprar imoveis é algo comum nesse país?
Moramos em um apartamento e é alugado.O aluguel de imóveis tem se tornado um mercado bem crescente nos EUA devido à crise econômica. Embora comprar uma casa esteja super em conta aqui, as pessoas não estão correndo o risco de se comprometer a um compromisso de longo período porque emprego não é algo mais “seguro” por aqui.

– Qual o custo de vida?
Depende da região onde você mora. Eu diria que no caso da Flórida, pra viver bem com 4 pessoas, talvez em torno de $100 mil dólares ou $120 mil por ano ( marido + mulher + 2 filhos).

– Quais os pontos positivos e negativos de morar nesse país?
Positivos: As leis funcionam aqui. A segurança é uma das grandes vantagens. Poder abrir a bolsa em qualquer lugar. Falar ao celular em público sem ter que ficar olhando para os lados. Se você é uma pessoa que poupa, dá pra juntar uma grana legal e viajar para conhecer outros países. Mercantil aqui é relativamente em conta, se você não compra luxinhos. Muitos restaurantes temáticos e nativos (brasileiro, chinês, japonês, tailandês, italiano, etc).

Negativos: às vezes pode ser uma vida muito solitária e a postura indiferente das pessoas podem chocar um pouco quando o brasileiro aterrisa por aqui. Eu acho que nós brasileiros temos um seviço de plano de saúde melhor que o daqui. Eu tenho plano de saúde, mas se eu chegar em um hospital em emergência, é provável que eu espere entre 2-3 horas. Eles não tem hospitais como a Unimed. Independente de vc ter um plano de saúde ou não, é por ordem de chegada, e você ainda tem que pagar um copay, ou seja, o plano nunca cobre tudo.

– Qual a curiosidade que mais te chama a atenção nesse país?
Eu achei muito curioso quando eu vi crianças andando na rua como se eles tivessem uma coleirinha de cachorro que ligasse à mãe. É tipo um casaquinho, mas mesmo assim é muito engraçado. Outra coisa que bolei de rir foi ver cachorros de fraldas. Kkkkkkkk! Eles compram quando o pet já está velhinho e não pode se conter.

– O país que você reside tem alguma coisa que é usado no dia a dia que você acha que seria interessante ser implementado no Brasil?
Aqui a maioria das contas eu pago online. O sistema dos sites são ultra-seguros por aqui. Nunca tive nenhum cartão de crédito ou até mesmo a senha do meu banco clonada. Outra coisa é o sistema de transporte público. Em cada parada, eles mostram que ônibus passam na linha e tem um número para você ligar e conferir que horas o próximo ônibus irar passar. Também eles oferecem mapinhas com todos os horários e o trajeto que ônibus faz. Quando você aperta o botão para indicar que quer descer, você não se levanta enquanto o ônibus está em movimento. É proibido. O motorista espera que você se levante, venha e desça com calma. Achei isso bem interessante.

– Você tem sugestões ou dicas para pessoas que pretendem viver nesse país?
– Sim. Não entre pela a porta dos fundos. Assim você não vai poder tirar nenhuma documentação americana e vai ter que trabalhar para pessoas de mesma nacionalidade ganhando mal. Venha legalizado. Eu sei que pode ser uma burocracia mas vale a pena.

– Aprenda a respeitar a cultura. É realmente bem diferente da nossa. Tem que ter muito jogo de cintura.

– Venha com um inglês afiado. Coloque-se em situações que você vai precisar falar em inglês. Aproveite todo o tempo que estiver aqui para praticar.

– Conheça o maior número de estados que puder. Tente comidas novas. Registre tudo. Abra-se a adaptação mas nunca perda o jeito brasileiro de ser.

– Participe dos feriados e tire muitas fotos pra mostrar para amigos e familiares.

– Gaste menos do que você ganha. Você não precisa comprar tudo que é bom e barato por aqui.

– Se você puder, aprenda a fazer depilação, unha e cabelo antes de sair do Brasil. Aqui essas coisas são caríssimas. Meu marido pagou $15 só pra passar a máquina no cabelo :S!

– Nunca ande sozinha à noite a pé. Não é seguro.

– Se pudesse descrever em uma palavra a experiencia que esta vivendo nesse país, qual seria?
Mudança e flexibilidade. Aprendi a ceder mais e respeitar o diferente e mudei em alguns fatores como ser mais independente, correr atrás das minhas coisas e não deixar nada pra depois, de não perder tempo. Acho isso legal na cultura americana.

– Você gostaria de recomendar algum web site ou blog relacionado à esse país?
O meu blog: QUERIDO DEUS, OBD POR ME EXPORTAR

O blog da Cristiane : BRASILEIROS DOIDOS PELO MUNDO

O blog da Nani : Moments and Thoughts

Pra quem quiser conhecer mais de Jacksonville, eu recomendo MAKE A SCENE DOWNTOWN</a , fala dos eventos gratuitos que rolam na cidade 🙂

12 Respostas

  1. Adorei sua entrevista, Gi! Cheia de energia! E mt boas dicas!
    Bjs

  2. kkkkkkkkkkkkkkkk..adoro essa menina sempre do jeitinho dela explicando tudo.kkkkkkkkkkkkkkkkkkk amoooooooooo..e isso ai tudo muda..bjsssssssss

  3. Eita Gi, levei ateh um susto quando vi meu blog ali, haha. Adorei sua entrevista!

  4. Menina, muito show sua entrevista. 7 meses??? Minha nossa!

    Entao aproveita para continuar estudando e trabalhar, isso vai fazer com que vc se sinta parte da terra e nao uma turista casada com um americano.
    Assim vc vai fazer suas próprias amizades, essas coisas, que sao bem importantes.

    Um beijo

  5. Gi, muito bom… Falou tudo… So acho que estou mais americanizada… Penso mais como os gringos… Talvez pq trabalho e tenho que competir pelo mesmo nivel com um americano sucesso e realizacao. bjs

  6. Amei e vou te visitar no blog 😉
    Bjokas

  7. Adorei sua entrevista. Tb moro no EUA e sempre me identifico mto com todas as brasileiras q tb moram aqui e passam sempre pelos mesmos perrengues q nós passamos.

  8. E eu achando que a mulher já estava há anos no país. 7 meses? 7 meses? está bem integrada!

    e continua sendo a brasileira festiva que era no Brasil, assim vc contagia todo mundo!

    Bjs!

  9. Oi Gi, adorei a entrevista e fiquei sabendo de mais coisas aindas… Me surpreendeu saber tudo isso sobre os ônibus daí, além de não serem lotados, são eficientes e os motoristas não andam feito loucos. Aqui no Brasil se você já não estiver na porta na hora que o ônibus pára, pode ter certeza que ele dispara e você só vai descer sabe Deus onde… kkkkkkkkkk. Vou ver se eu acho o leite Ninho pra você… kkkk. Bjssss….

  10. Gente, só corrigindo!
    Faz 7 meses que eu moro em Jax, mas nos EUA faz 1 ano e 4 meses 🙂

    Bjo a todas e obg pelo carinho :)!

    http://www.vivendolaforanoseua.blogspot.com

  11. Muito boa sua experiencia, amei! e com concordo com voce em “nunca perder o jeito brasileiro de ser” , a respeito da saude,( moro na India e tambem acho que a saude brasileira esta bem melhor estruturada), e a respeito do cafe, realmente o cafe brasileiro eh insubstituivellll, aqui tambem eh mais pra “cha-fe”. Beijosssss, e muitas felicidades pra voce! 😀

  12. Oi Gi,
    Suas respostas foram muito assertivas e bem humoradas! Convenhamos, morar fora nao e facil mesmo e precisamos de muita disposicao para fazer as coisas funcionarem! O bom humor e importantissimo, mantenha-o sempre na sua jornada!
    E felicidades!
    Bjim
    Marcia

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