Do Brasil pra o mundo

Elis nos EUA e PortugalElis não planejou uma vida no exterior como muitos expatriado fazem, porém o amor por um americano falou mais alto e ela embarcou para região de Chicago. No Brasil ela atuava como psicologa, mas nos EUA devido a regularização da carreira, ela optou por trocar de profissão e hoje é cantora.
Atualmente, passa uns meses em Portugal e aproveita pra viajar pela Europa, mas volta em breve a America do Norte… com certeza mais uma experiencia de vida para Elis e sua família que nos tem muito o dizer…

– Nome:
Elis

– Onde nasceu e cresceu?
No nordeste, estado da Paraiba.

– Em que país e cidade você mora?
Eu moro nos Estados Unidos, na cidade de Champaign que fica no sul de Chicago. Mas, atualmente, me encontro em Portugal, na cidade do Porto onde devo ficar por 6 meses.

– Você mora sozinho ou com sua familia?
Moro com meu marido e minha filha de 14 meses.

– Há quanto tempo você reside nesse local?
Nos EUA, eu moro ha praticamente 4 anos. E em Portugal, faz pouco mais de 30 dias.
Elis nos EUA e Portugal

– Já residiu em outro(s) país(es) antes dessa experiencia?
Nao, eu sempre morei no Brasil.

– Qual sua idade?
Fiz 37 anos.

– Quando surgiu a idéia de residir no exterior?
Na verdade, nao foi uma ideia que me tivesse perseguido a vida toda. Aconteceu de eu me apaixonar por um Americano e ai, tive que decidir mudar de pais pra poder viver esse amor.

– Foi difícil conseguir o visto de residência ou o visto de trabalho?
Conseguir visto pra os EUA nunca foi facil. Mas, no meu caso, entrei com o pedido do k1 – visto de noiva – e o processo transcorreu por 5 meses ate a culminar na minha entrevista no Rio de Janeiro. Isso mesmo… eu tive que viajar de Joao Pessoa ate o Rio so pra ter a entrevista. No Brasil inteiro, so o Rio e que faz esse tipo de procedimento, entrevista.

– Você tem seguro saúde? Foi difícil obtê-lo antes ou depois da sua chegada?
Sim, eu tenho seguro de saude. Quando eu cheguei aos EUA e ainda eramos noivos, meu marido ja tinha comprado. E depois que casamos, passei a usar o plano de saude do trabalho dele.

– Você trabalha? Como a renda familiar é obtida?
Well, sim. Logo que eu cheguei aos EUA a minha maior preocupacao era aprender o idioma. Meu ingles era muito ruim! Entao, fui estudar. Depois, eu achei que devia comecar a estudar de onde parei (no mestrado no Brasil) e ai, acabei enveredando por outro caminho…Bem, mas a renda familiar e obtida atraves do trabalho do meu marido que e professor universitario.

– Se a resposta anterior foi sim, você mudou de área depois da saída do Brasil ou continua no mesmo setor?
No Brasil, me formei em Psicologia e trabalhei na area por mais de 8 anos. Mas, vindo pra os EUA, as coisas sao mais complicadas pra trabalhar com psicologia. Primeiro tinha a barreira do idioma e logo depois, acabei descobrindo que precisaria ter PhD pra exercer a minha profissao aqui. Entao, outra oportunidade acabou aparecendo e eu agarrei. Atualmente, sou cantora. Ha uma banda local que toca musica brasileira e eles fazem questao que a cantor seja brasileira, entao… ca estou. Acabamos de graver um Cd – o meu primeiro Cd e o terceiro deles. Mas, depois de passar essa temporada em Portugal, devo decidir se ainda volto a estudar ou nao.

– Você fala a língua local? Você acredita que é importante aprender a língua local?
Sim, eu falo ingles e acredito que e muitissimo importante aprender o idioma. Antes, as coisas eram mais complicadas justamente por eu nao entender tudo o que diziam, mas as pessoas sempre se mostraram pacientes pra parar e entender e ate mesmo ensinar, sempre foram amigaveis tambem. Sem falar que, falar a lingua, ajuda bastante a conhecer os costumes, as pessoas e a nos aprofundar neles tambem.

– O que você pensa sobre seu novo país e o local onde mora (e/ou onde morou)? Eles respeitam os Brasileiros e outros expatriados vivendo nesse país?
Sobre os EUA eu posso falar de mente e coracao abertos. As pessoas sao muito educadas e nao se intrometem na vida dos outros. Pelo menos, e o meu jeito de ver as coisas. Nunca percebi nenhum proconceito deles com relacao ao fato de eu ser brasileira, mas interessante e notar que o mesmo nao se da quando eu encontro com brasileiros nos Eua. A impressao que eu tive e tenho, e de que brasileiro nao gosta de ser reconhecido e nem de muito menos ter entrosamento com outro brasileiro. Eu mesma ja tive muitos problemas com brasileiros, inclusive que moram na mesma cidade que eu.
Eu lembro muito bem de que eu era recem-casada (me casei em Vegas) e o marido estava todo animado pra me levar pra jantar num restaurante brasileiro. La fomos nos… pois, vc acredita que a moca que trabalhava recebendo as pessoas, simplesmente, fechou a cara quando meu marido disse que a esposa dele era brasileira? Ela nem sequer abriu um sorriso de canto de boca. Depois disso, so experiencias amargas. Dai, deixei de me interessar por encontrar brasileiros. Aqui em Portugal, no supermercado, ja escutei muita gente do Brasil falando e tal, mas eu nem me mexo pra dizer OI. Se a pessoa me ouvir falar portugues e puxar conversa, eu converso, mas se nao… deixo pra la. Aqui em Portugal, meu colega falou que as pessoas nao respeitam muito as brasileiras porque pensam que elas fazem programa…bem, to falando da cidade do Porto.

– Você tem filhos? Se sim, eles se adaptaram ao novo país? Estudam e têm amigos locais?
Sim, eu tenho uma filha de 15 meses, portanto, ela ainda nao estuda e nem tem amiguinhos. Nos Estados Unidos nos frequentavamos bibliotecas onde ha programas pra bebes e os pais se reunem tambem, mas confesso que era e e dificil demais fazer amigos nessas reunioes. O maximo que as pessoas diziam eram “ Hi ” e “ bye,bye ”. Aqui em Portugal, bem, a gente so ve criancas da idade dela passeando no shopping com os pais e/ou nas ruas. Ninguem tambem diz nada. Nem eu.

– Sente saudades da familia no Brasil? Sente falta de produtos, alimentos e outras peculiaridades?
Sinto muita falta do Brasil, sim. Achei que, com o tempo, a saudade diminuiria e tal e eu me acostumaria com a nova cultura e tal. Puro engano – no meu caso! Eu acredito que o aconteceu comigo, foi que eu estou em constante adaptacao e vou vivendo com o que tenho. Nunca me senti “ americanizada” e nem tenho a minima vontade de me tornar cidada americana – coisa que terei que fazer em breve por ter que ir viver no Brasil em alguns anos e, pra nao perder o meu Green Card, o melhor e me tornar cidada mesmo. Quanto a comida… bem, tenho la os meus gostos e nunca fui, confesso, muito fa da comida americana. Quando olho em volta e vejo tanta gente, literalmente, obesa…oh, my God! Lembro ainda do quanto fiquei gorda na minha gravidez e do quanto sofri pra perder os 20kg que ganhei…e olhe que eu nao era uma desregrada e nunca comi errado. Simplesmente, aconteceu de eu engordar tanto. Mas, voltando ao assunto de alimentos… geralmente, quando vou ao Brasil, trago os produtos que nao consigo aqui e fico bem. Tambem sinto falta do calor humano que existe no Brasil. Acho que nunca vou conseguir explicar bem essa parte, mas tambem vou deixar claro aqui que nao acho americano essa montanha de gelo que costumam falar, nao.

– O que costuma fazer nas horas vagas, finais de semana e feriados? Quais as atividades recreacionais existentes?
Bom, nas minhas horas vagas, eu leio muito. Sempre tenho uns livros ao redor, tanto em portugues quanto em ingles. No entanto, nos finais de semana, geralmente, vamos jantar e/ou almocar fora e tambem tenho meus shows pra fazer todas as semanas. Outra coisa que se faz muito nos EUA e… comprar! Ha muitos outlets bons e com precos muito, mas muito em conta mesmo e as pessoas fazem a festa. Eu sinto saudades de ir as compras nos EUA! Acredito que nenhum lugar que eu tenha ido tenha preco melhor que nos EUA! Grandes marcas, bons produtos com otimos precos! No Brasil, a gente ve liquidacoes e tal e no fundo, quando dizem “ 80%” a gente ja sabe que na verdade, nao e bem assim, ne? Ja nos EUA…ai,ai,ai,ai,ai…se dizem descontos de “ 80%” e a mais pura verdade!!

– Você tem planos para o futuro? Pretende viver nesse país para sempre?
Bem que eu poderia morar nos EUA pra sempre, apesar de todo o frio que faz e de toda a neve tambem (a entre nos, neve e bom so pra ver por um final de semana tirar foto e depois ta bom). Mas, como a gente vai morar no Brasil…os planos sao de estudar nos EUA pra terminar o meu doutorado (o marido ja tem!) e ai, sim, vamos voltar ao Brasil.

– Você comprou ou alugou o local que reside? Quanto pagou ou paga por isso? Comprar imoveis é algo comum nesse país?
Nao, nos nao compramos casa ou apto nos EUA. Tinhamos o dinheiro pra isso, mas decidimos usar a grana pra tentar ter a nossa filha, ja que o marido tinha feito vasectomia.Tentamos Fertilizacao in Vitro, ICSI e nao deu certo. Gastamos uma boa grana e muito mais na Reversao da Vasectomia e estamos muito felizes com a Ana!! De aluguel, nos EUA, a gente paga cerca de 1500 dolares por mes por um aluguel de apto de 2 quartos com 2 banheiros, uma sala, cozinha e veranda-patio. Nos EUA as pessoas costumam comprar imoveis e pagar ao decorrer da vida…ou seja, em 30 anos. No nosso caso, nao estamos pensando em comprar imovel nos EUA ja que temos o intuito de viver no Brasil em mais 3 ou 4 anos. A nossa meta e comprar imovel no Brasil.
Ja nessa nossa estadia de 6 meses em Portugal, estamos vivendo num apto de 1 quarto, sala, cozinha e pagamos 500 euros com agua, luz e gas incluido.

– Qual o custo de vida?
Nos EUA, eu diria que uma familia de 4 pessoas vive com 40/50 mil ao ano sem grandes apertos. Com menos do que isso, eu acho que a pessoa deve passar aperto. Meu marido faz 100 mil por ano e a gente tem uma vida confortavel. Alias, nos EUA a vida e bem confortavel pra maioria das pessoas. E muito dificil achar uma familia que nao tenha carro, por exemplo. Uma outra coisa interessante de contar sobre a pobreza nos EUA …existe uns programas onde mostram familias que tem dificuldades e uma delas – que eu assisti! – foi uma familia de 3 pessoas ( pai de 50, filha de 18 – tendo essa, um bebe de 10 meses ) e o pai tinha perdido o emprego ha 6 meses e eles estavam vivendo com o salario-auxilio do governo. O pai nao conseguia encontrar emprego, ja que eles viviam numa cidade bem pequena e o dinheiro que ganhava do governo ele usava pra pagar o aluguel e comprar comida e ainda colocar gasolina no carro ( isso mesmo, eles tinham carro!). Era a maior choradeira… e eu ficava imaginando tanta gente no Brasil que vive na maior pobreza sem um centavo sem a ajuda de ninguem, sem nada pra comer… gente que vive na rua…

– Quais os pontos positivos e negativos de morar nesse país?
Negativos : Saudades da familia, do calor, do mar, dos amigos de verdade, da comida…tanta coisa…e o frio e muito ruim!
Positivos : melhor qualidade de vida, aprender mais sobre cultura, maior respeito pelos outros e o modo de vida, aprender uma nova lingua, etc.

– Qual a curiosidade que mais te chama a atenção nesse país?
Assim que eu cheguei aos EUA, me incomodava – e muito! – ir ao restaurante e nem ter tempo sequer de ler o menu e a garconete ja estar la perguntanto, toda apressada, o que voce quer e ainda mais…a gente mal terminava de comer, ela ja voltava pra tirar o prato da mesa. Eu ficava irada! Agora eu ja relaxei e mesmo que me tragam a conta na maior pressa, continuo no meu cantinho e so saio quando eu quero e pronto. Sem falar que nos EUA a gente precisa dar sempre a tal da gorjeta… rs.

– O país que você reside tem alguma coisa que é usado no dia a dia que você acha que seria interessante ser implementado no Brasil?
Os transportes publicos sao equipados pra receber deficientes, carrinhos de bebe e as ruas tambem ja sao prontas, preparadas pra o mesmo. Ha muitos parques limpos e com estacao pra distribuicao de sacos de plasticos pra aqueles que passeiam com seus caes. Mas, tambem ha contradicoes, como por exemplo, eu lembro que com 7 meses de gravidez, viajei com o marido pra Sao Francisco e o aeroporto estava lotado e nao havia lugar nenhum pra eu sentar e NINGUEM levantou e me deu assento. Sem falar que nas filas dos supermercados, os idosos, gravidas etc, nao tem direito a passar na frente. Eu tambem estava super gravida e me lembro de ter que ficar numa fila enorme e senhora que estava atras de mim ainda reclamava porque eu andava devagar demais…rs.

– Você tem sugestões ou dicas para pessoas que pretendem viver nesse país?
Aprenda a lingua e venha preparada pra aprender coisas novas. Seja humilde.

– Se pudesse descrever em uma palavra a experiencia que esta vivendo nesse país, qual seria?
Eu diria “experiencia” de vida. Estou aprendendo cada vez mais a respeitar o outro e o modo como vivem. Paciencia e palavra de ordem em meu dicionario.

– Você gostaria de recomendar algum web site ou blog relacionado à esse país?
Posso recomendar o meu proprio blog onde traco a minha propria experiencia no Brasil, nos EUA e agora esses 6 meses em Portugal. Em junho de 2010, to de volta aos EUA, mas ate la, muito hei de passar por varios paises europeus e sei que muito tenho e terei pra contar, entao, vem comigo!!
www.leoninapb.blogspot.com

23 Respostas

  1. Amiga vc arrasou nesta entrevista, amei 🙂

    Muitos bjos!

  2. Parabens pela entrevista, amiga! Deixei um bilhetinho pra vc lá no seu BLOG! Bjs! e BOA SORTE!

  3. Parabéns pela sua entrevista.

  4. Gente, foi um prazer imenso compartilhar um pouco das minhas impressoes. espero poder ter ajudado a ver as coisas com os olhos do novo e com a coragem a que e devida a cada um. Vamos la!
    E, logico, muito obrigada pelo convite!

  5. QUE LEGAL A SUA ENTREVISTA, ACHEI MUITO INTERESANTE VC CONTAR AS SUAS EXPERIENCIAS GORA DO BRASIL. PARABÉNS.

  6. Amiga, amei a entrevista….mostrou com claridade a capacidade de adaptação em um país estranho, com culturas diferentes, lingua….sem sofrimento….com os pés assente na terra. Um grande beijinho carregado de energias positivas

  7. Gostei da entrevista. Quando vier pela Holanda avisa!
    Ver brasileiro cantar eh sempre um prazer

  8. Parabéns pela entrevista!

  9. Elis parabéns pela entrevista!

    • Ola!
      E eu achava que essa entrevista nao ia render…e olha ai o resultado! Nada melhor do que ser sincero!
      Obg, Luciana.

      • Oi Elis, muito obrigada por tudo que você falou e pela entrevista ótima que você fez, creio que vai ajudar muitas brasileiras e brasileiros que querem morar nos Estados Unidos (eu estou inclusa ;P).
        Agora sigo seu blog, parabéns. =D

  10. Eu concordo com a Elis em relação à brasileiros quando encontram outros.Existe um certo ar amistoso, parece que nem nascemos na mesma pátria. Não sei porque isso acontece. Não tive a experiência dela, mas por aqui tenho lidado com brasileiros que sempre colocam outros pra baixo[principalmente quando sabem que você tem mais do que eles, parece até inveja] e querem dizer o que vc tem que fazer da vida.

  11. Que legal sua entrevista, Elis! Fiquei sabendo mais um pouquinho sobre voce. Interessante como a experiencia de um expatriado para outro e’ unica neh? Poque se for descrever a minha e’ uma historia totalmente diferente.

    Fiquei feliz demais quando fui ver vc cantando tao gravida e tao bonita! Amei te conhecer pessoalmente. Eu so’ tive boas experiencias aqui com brasileiros e faco questao de usar minhas camisetinhas e sandalias com a brazilian flag para todo lado. Amo de paixao ir ao Texas de Brazil e ao Fogo de Chao comer …la’ o pessoal nao vira a cara quando vc diz que e’ brasileira, pelo contrario, comecam a falar em portugues (no Texas de Brazil o gerente e’ paulista e um looooooooooosho) e te estendem tapete vermelho.

    Bjks e continue cantando e encantando!

  12. Mari, te digo que tambem foi otimo lhe ver no dia em que fui cantar em chicagoland, ta? Eu tava gravidissima mesmo e pra la de feliz!

    Sobre a experiencia com brasucas…ai,ai. Vai ver nao gostam da minha cara, sei la. Mas, e logico q tb tenho otimas amizades por aqui e acabei falando do que era mais comum.
    E agora com a copa do mundo…ai,ai,ai. Eu vou me empetecar todinha de verde-amarelo!

  13. Saudades dessa entrevista de 1 ano atras! Como o tempo voa! E agora ja to de volta aos Estados Unidos.

Deixe um comentário